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Uma das grandes dúvidas da sociedade é como funciona um roteiro de filme. Então pesquisei e tive acesso a um dos clássicos brasileiros, o filme “Cidade de Deus”, de 2002, dirigido por Fernando Meirelles, baseado no romance de Paulo Lins e, recebeu quatro indicações ao Oscar em melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia.
Aqui em baixo vai estar o começo do roteiro:
EXT. CASA DE ALMEIDINHA – DIA 1
Abrimos com a imagem de um FACÃO sendo afiado.
CARACTERES em superposição: 1981
Ouve-se o murmúrio de VOZES alegres, vozes CANTANDO um samba
acompanhado de um BATUQUE. Não vemos as pessoas. Mas os sons
deixam claro que se trata de um ambiente festivo.
A letra do samba tem como tema: comida.
MÃOS NEGRAS amarram com um barbante a PERNA de um GALO.
O galo é imponente e vistoso. Alternamos o galo –incomodado por
ter a perna amarrada — a imagens que sugerem a preparação de um
almoço:
ÁGUA FERVENDO numa enorme panela.
O galo parece reagir à imagem anterior.
Vocês podem ver que o roteiro descreve todas as cenas e cabe ao diretor editá-las e gravá-las como bem entender.
Mas uma das coisas mais incríveis é a semelhança, ler um roteiro é basicamente ler um livro, você lendo o roteiro vai ter uma noção quase que maior da história do que vendo o filme.
Agora veja um diálogo:
Eles caminham por uma rua do conjunto:
BARBANTINHO
Aí, Busca-Pé… Tu acha mesmo que os cara
vão te dar emprego no jornal se tu
conseguir tirar essa foto?
BUSCA-PÉ
Eu tenho que arriscar.
BARBANTINHO
Porra! Tu tá arriscando é a vida. Por causa
de uma foto, mermão! Dá um tempo!
Lendo esse roteiro consegui notar uma exatidão incrível com o que acontece no filme, e não pense que todos os roteiros são assim, existem roteiros que ficam um verdadeiro lixo e o diretor tem que se virar, mas esse não, o roteiro é fantástico.
Mais um pedacinho:
VIELA – BANDIDOS
Zé Pequeno, ao dobrar uma viela, tromba com um VENDEDOR de
PANELAS. Zé Pequeno cai no meio das panelas. Dá sua RISADA FINA,
ESTRIDENTE E RÁPIDA.
Ele se levanta, e começa a ESPANCAR violentamente o vendedor de
panelas.
Zé Pequeno tira de trás do calção uma PISTOLA. Parece que ele
vai matar o coitado. Mas, em vez disso, aponta o revólver para o
alto, e dá a ordem:
ZÉ PEQUENO
Senta o dedo no galo!
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Não acho que ler um roteiro é como ler um livro, porque no roteiro tem todos os detalhes, e em um livro você tem que imaginar várias coisas.
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Daniel Flávio
Claro, não é igual, mas existe uma semelhança, o roteiro é mais detalhado, pois ele retrata a imaginação do roteirista.