Filosofando: Eu me transformo, mas… Será que transformo os outros?

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Escher Relativité

A palavra transformar carrega o mesmo significado de mudar, alterar, transfigurar, e se insere na vida do ser humano de uma maneira explicitamente complexa. Alguns persistem em alegar que nunca mudam, que sempre foram e serão os mesmos. Um amigo meu diria que insistir nessa verdade seria “dar um tiro no pé”, ou seja, estar cara a cara com a mentira, pois seria impossível partindo do princípio que você se entende como ser humano não se transformar. A grande sacada é perceber que você mudou, eis a questão… O exame da autoconsciência leva tempo, e às vezes com determinados espécimes raros nem ocorre. Entenda apenas que a alteração é um fato, não vivemos na síndrome de Gabriela:

“Eu nasci assim, vou morrer assim…”

É preferível vestir os pensamentos de Heráclito:

“O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo rio, nem o homem é o mesmo homem.”

A aceitação da mudança, e o tal reconhecimento é o grande xeque-mate. A sociedade acredita que a mudança se reflete apenas quando se externa, caso você não apresente variações em sua estética, significa que você não mudou. Mas… A sociedade não manda em você (você sabia disso, não sabia?). Tantos caminham por aí pensando que dominam sua opinião, mas, a verdade é que… Apenas um sopro e seus argumentos caem por água abaixo.

Esses dias vi uma entrevista dos “Gêmeos”, (artistas que trabalham com arte urbana/contemporânea, que um dia era apenas grafite), dentro desta perspectiva até a arte deles tomou corpo, acabou sofrendo um processo de hibridismo, passou de uma simples manifestação nas paredes (opinião da sociedade, não a minha) para uma arte pop, que acabou por invadir exposições e museus.

Na entrevista eles diziam: “Nós tentamos transformar a cidade, e não deixar que ela nos transforme”. Apenas uma pitadinha de filosofia, né? Pensar que o ser humano pode alterar a cidade, quer dizer… Ele sempre fez isso, entretanto, é tão mais fácil a cidade ditar as regras. A arte destes revolucionários desenhistas invadiu não apenas as ruas e depois os museus. A arte baleou cada um que passou perto da pintura deles, cada olhar, cada pessoa que parou. Não seria esse o objetivo principal da transformação? Uma ação que não apenas me pega, me invade, mas que respinga no outro.

Sócrates disse: “Eu não posso ensinar nada a ninguém, só posso fazê-lo pensar”.

Se eu não posso-te transformar, apenas pense sobre isso. Minhas palavras não farão nenhum sentido se você não tiver o mínimo de paladar, se não souber saboreá-las, na verdade, talvez seja melhor você nem experimentá-las.

É uma pena.

Mas…

Apesar de não te transformar…

Eu me transformo dia a dia…

E o fato de perceber essa fragmentação de mim mesmo…

Sem querer…

Provoco em você uma repulsa…

E enfim, nesse exercício constante… Planto minha semente.

Eu sei. É apenas uma fagulha, mas grandes incêndios começam assim.

E eu… Compreendo-me como uma pessoa paciente, posso esperar você queimar enquanto leio um livro e tomo um café.

E sabe qual será o próximo passo?

Ao ver você queimando me aproximarei gentilmente com um balde de água, e o molharei até que você se transforme.

E essa rotina, se repetirá, até que você perceba que ocorreu uma alteração em seu interior.

Pois… Quando você se transforma… Eu me transformo…

E nesse ínterim participamos de uma tendência cíclica que leva o nome de Transformação.

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