Tempo de leitura: 8 minutos
Quando eu leio um livro, sempre é momento de muitas reflexões. Mas, se eu gosto mesmo da história desse livro, as reflexões não duram só aquele período de duas semanas pós-leitura, ficam pra vida toda. Eu vou reler o livro, no mínimo, umas duas vezes, vou procurar vários reviews na internet, a fim de conhecer várias interpretações da história. Eu vou curtir FanPages, vou decorar as frases do livro e, a depender da minha inspiração, até música vou escrever. rs (Vide a música que escrevi sobre o livro “A culpa é das Estrelas”).
Pois bem, “O Lado Bom da Vida“, escrito pelo Matthew Quick entra como um desses livros que já fiz isso tudo (com exceção da música, -em breve-). Quer dizer, na verdade, esse é o melhor livro que já li na minha vida! Neste artigo, eu conto por quê.
Não me recordo muito bem como foi todo o processo de indicação, mas me lembro da minha irmã chegando em casa, encantada com o filme baseado nesta história e, pelo título, eu resolvi por lê-lo. O Lado Bom da Vida. Nome sugestivo… ainda mais pra mim, que adoro ver e viver o lado bom da vida. Queria saber o que seria o lado bom da vida para o Matthew Quick. E, poxa, me encantei com a abordagem dele, me encantei com a memorável personagem principal, o Pat Peoples. Para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de ler o livro e não gostam de spoilers, talvez, esse texto seja indicado depois da leitura desta narrativa, que, com certeza, merece ser lida (e relida).
“Estou praticando ser gentil ao invés de ter razão!”
E, assim, o Pat Peoples me conquistou.
Você já experimentou ser gentil ao invés de ter razão? Eu queria te trazer esta reflexão que o Pat me trouxe. Alguém publicou uma inutilidade no Facebook? Talvez, expressar sua opinião e ai começar uma discussão para fazer a pessoa se conscientizar que ela publicou uma besteira pode ser tentador, mas eu queria que você tentasse o contrário, que tal dizer sua opinião – se realmente você quiser -, mas não entrar em uma discussão só porque você tem razão?
Exercite ser gentil ao invés de ter razão. Difícil? Até pode ser, mas a partir do momento que você se compromete com este mantra, você passa a ter uma revolução na sua forma de viver e enxergar o mundo e as pessoas. Revolução de impacto positivo total a você e a quem te rodeia.
“Se as nuvens estão bloqueando o sol, sempre tento ver aquela luz por trás delas, o lado bom das coisas, e lembro de continuar tentando.”
Mais uma lição do Pat.
O céu da sua vida ficou cinza, parecendo que vai cair uma tempestade? Desesperador, hein? Mas, é isso, jamais se esqueça de que, independente da cor do céu, existe um sol que não para de brilhar. Sempre vão existir raios solares que vão fazer com que a noite vire dia. Então, não desanime, persista. Continue tentando.
“Sou diferente, você pode ver que eu sou diferente.”
De fato, o Pat é um ser humano diferente, raro.
Em uma das minhas releituras me peguei pensando em algo: a história começa com o Pat saindo de um hospital psiquiátrico, o que faz as pessoas admitirem que ele tem problemas psíquicos. Mas eu comecei a refletir: uma pessoa que leva a vida assim: vendo raios de luz solar atravessando as nuvens cinzas, que prefere ser gentil ao invés de ter razão… até que ponto ele é o doente em nossa sociedade? Fiquei refletindo que, talvez, o Pat é o são de toda essa história, muito mais do que nós, os ditos “normais”.
“Cliff não diz que devo encarar o que ele acha que é minha realidade”
Se você pesquisa frases do livro na internet, acredito que essa frase nem receba destaque, mas ela me chamou muita atenção. Pat diz isso após a primeira sessão que ele tem com seu novo psiquiatra, o Cliff, e eu acho fantástico isso porque, diferente de todas as pessoas que o Pat se deparava, o Cliff não julgou a falsa visão que ele tinha de que voltaria para a ex-mulher, a Nikki. Não, ele simplesmente o ouviu, entendeu as crenças dele e não fez o Pat ter que aceitar e viver crenças de outrem. Isso pra mim é empatia, algo que anda tão em falta. Se o outro não acredita nas suas convicções, respeite. Não trate suas certezas como verdades universais.
“Você precisa saber que suas ações que fazem de você uma boa pessoa, não sua vontade.”
Essa reflexão veio através do Cliff e ficou marcada em mim. Querer ser bom, querer fazer o bem, querer ser gentil ao invés de ter razão, tudo isso é lindo. Mas, mais lindo e mais efetivo que isso é ser bom, fazer o bem e ser gentil ao invés de ter razão. Tirar o “querer” e pôr em prática, é isso que faz total diferença no mundo.
“Deus, eu não pedi um milhão de dólares. Não pedi para ser famoso e poderoso. Nem mesmo pedi que Nikki me aceitasse de volta. Só pedi um encontro. Uma única conversa cara a cara. Tudo que fiz desde que saí do lugar ruim foi tentar melhorar — para me tornar exatamente o que Você quer que todos sejam: uma pessoa boa.”
Todo o ápice da história pra mim acontece no fim. Pat passa o livro todo querendo ser melhor, se transformando em alguém que a Nikki vai querer e não que, necessariamente, ele quer ser. Uma Nikki que em nada errou, só ele foi o culpado por eles estarem vivendo o “tempo ruim”, o tempo separados, até que, quando ele finalmente se encontra com a Nikki, encontro este que não é olho no olho, mas sim, vendo-a a distância, ele se lembra de ter pegado ela o traindo com um professor da mesma escola que ele trabalhava. Então, pera, ele passou esse tempo todo sofrendo, se culpando, se martirizando por um alguém sem dignidade, que foi capaz de traí-lo? Sim, foi exatamente isso que aconteceu. Que a dor moldou o Pat para ser uma pessoa melhor, isso é fato, mas essa dor acabou sendo aumentada por uma culpa que ele não tinha. Então, aqui, pra mim, fica um ponto chave: muitas vezes, vão nos machucar e vão nos fazer acreditar que nós somos os doentes da situação, os causadores de problemas, reflita e se for mesmo, peça perdão, dialogue, mas se não for, tente o diálogo, esclareça as coisas, mas se não rolar a oportunidade, siga sua vida de cabeça erguida. Porque, enquanto o Pat sofria por uma Nikki, que foi desleal, ela vivia a vida dela. Cuidado com o que e por quem você anda sofrendo.
“Querida Tiffany, eu sei que você escreveu a carta. O único jeito de conhecer minha loucura era fazendo algo louco. Obrigado, eu te amo. Eu soube no momento que te conheci. Desculpe se demorei tanto para tomar conta disso, eu fiquei preso.”
E esse é outro ponto lindo do livro. Deparamos-nos com uma história de amor que – independente de quem foi o Pat, não justificava – ele foi traído. Qual o lado bom da vida disso? Nesse ponto, o livro em toda sua narrativa traz respostas para essa pergunta, afinal, como disse o Pat: “Dói olhar para as nuvens, mas também ajuda, como a maioria das coisas que causam dor”. Se não fosse essa traição, mesmo que pelos motivos errados, mas pelo caminho certo, o Pat não teria se transformado nessa pessoa positiva, em busca de ser melhor e ainda mais, se não fosse essa separação, ele teria perdido a chance de conhecer a Tiffany, uma pessoa que entendeu sua “loucura” e fez com ele uma das histórias de amizade e amor mais lidas que já li.
Poderia listar muito mais frases e razões para justificar por que “O Lado Bom da Vida” foi o melhor livro que já li, mas me contento a fechar o texto por aqui dizendo algo que torna tudo isso muito especial: A mente brilhante por trás desse livro é a do Matthew Quick, que foi capaz de trazer toda essa bela mensagem de amor e otimismo vivendo uma depressão severa.
Pois bem, viver o lado bom da vida é simplesmente uma questão de escolha, porque, sim, independente das situações, ele existe.
“Você precisa fazer tudo o que pode e, se se manter positivo, você terá uma chance.”
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PERFEITO!