Tempo de leitura: menos de 1 minuto
A história de Romeu e Julieta pertence a uma lista peculiar de clássicos. Quem nunca ouviu falar dessa “linda” história de amor. Sim, é linda, porque dizer isso é compreender que é ótimo quando as pessoas não conseguem ser felizes e morrem antes de viver plenamente o seu amor (…). Mas o engraçado é que Willian Shakespeare escreveu uma tragédia, entretanto, no decorrer do tempo a obra foi ressignificada, tornando-se o símbolo do amor juvenil, um amor desmedido, desesperado, contra tudo e todos. Os grandes críticos de obras literárias acreditam que a análise contextual desta peça nos leva as seguintes percepções:
- A descoberta que as personagens fazem sobre os seres humanos, compreendendo que eles não são nem totalmente bons nem totalmente maus e que, em vez disso, são um pouco dos dois.
- O despertar da fantasia onírica e a entrada para a realidade.
- O perigo que existe na ação precipitada sem qualquer tipo de racionalização.
- O poder que existe num destino trágico.
Mas esse tipo de amor que dura pouco faz muito sucesso em nosso tempo, não foi muito diferente com o filme Titanic, um amor intenso que dura tão pouco. Isso nos faz pensar sobre possibilidades distintas ao se pensar sobre o amor apresentado nesse tipo de obra. O que é melhor? Amar instantaneamente e perder o amor, ou amar em doses moderadas e durar pra sempre? Não precisa responder, na verdade pensar sobre isso já seria bom, se as pessoas gostam tanto de assistir ou ler esse tipo de obra, será que inconscientemente elas não desejam isso?
Mas em Romeu e Julieta, existe um diálogo que me incomoda muito, particularmente esse momento me faz questionar esse tal amor:
ROMEU E JULIETA, ATO II, Cena II
Julieta diz:
“Romeu, Romeu? Por que és Romeu? Renega teu pai e abdica de teu nome… ”
“Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo…”
Peraí, abdicar meu nome? Eu já li a obra, e já até assisti a alguns filmes, e recortei essa frase porque parece que ninguém percebe isso. Todos dizem: nossa é tão lindo isso, abdicar o nome por um amor, e Romeu embriagado por esse doce amor aceita tais condições. Alguns diriam: Quem nunca foi jovem atire a primeira pedra (…).
Num momento analítico, pare e reflita um pouco, é o seu nome. Ninguém compreende que o nome faz parte de nossa construção identitária, e o nome de nosso pai, nosso antecessor, se propagará ou não de acordo com o que fizermos. E é interessante essa frase, porque nesse momento, digo quando Romeu e Julieta é escrito, o NOME valia mais que tudo, era o passaporte para se transitar em diferentes espaços sociais. E o seu nome, é tudo o que você tem, apesar de que esta noção está um pouco deturpada. É claro que uns dirão: Você não compreendeu a figura de linguagem existente naquele diálogo. Sério? Não foi isso que estava explícito?
Apesar deste ponto em questão, a obra é digna de ser clássica, e foi escrita por William Shakespeare, ou seja, devo-me calar antes que seja “tarde”. Um dos motivos dessa exaltação é porque a obra foi escrita entre 1591 e 1595, e até hoje estamos aqui dialogando sobre tal tema. A questão aqui não é jogar fora nossos livros, até porque em minha pequena biblioteca (ainda faltam muitos livros para ser considerada biblioteca) existe um exemplar de Romeu e Julieta. O objetivo desta análise é fazê-lo questionar a perfeição ou imperfeição do amor nesta obra.