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Qual o papel dos governos em lidar com as mudanças climáticas?
Será o aquecimento global culpa de governo A ou B? Será que os governos devem fazer algo a respeito ou deixar que os mercados se autocontrolem?
Durante uma coletiva da Web Summit Rio 2024 tive a oportunidade de perguntar a 3 ambientalistas qual o papel do governo nessas questões, a resposta foi a seguinte.
A modelo e ativista Zaya Guarani, enfatizou que é papel do governo e da sociedade, porque esta geração e a próxima serão as que realmente impactarão a forma como vivemos.
Ela disse que juntos aprimoramos novos projetos com inovação e conhecimento ancestral, e precisamos lutar pela preservação de toda a nossa natureza. Proteger e preservar a cultura dos povos originários é muito importante, e é também papel do governo.
Já para Juliano Salgado, cineasta e presidente da Fundação Terra, os governos podem realmente aprender com novas instituições que estão realmente a tentar preservar esses patrimônios. Sua fundação tem lidado com o Programa Terra Doce, e é um solução que está a ser financiada com dinheiro público, mas da Alemanha, não do Brasil.
Então isso está realmente levantando a questão sobre qual a conexão com o governo do presidente e as instituições públicas. E na verdade o que acontece com eles é que agora estão construindo essa conexão. Portanto, a maior parte dos fundos da Fundação Terra vem de governos alemães ou de instituições privadas.
Uma das ambições da fundação é transformar a cultura da agricultura através da recuperação da água, através da restauração de fontes naturais.
A Fundação Terra está repondo toda a água do Vale do Rio Doce, que é uma área do tamanho de Portugal. É enorme. E também está conectando cerca de 25 mil residências a um sistema autônomo de filtragem de esgoto.
Portanto, é uma enorme mudança de limites, de paradigma. E, claro, há conversas com o Governo Federal do Brasil. Mas, por enquanto, ainda está sendo implementado o formato deste programa.
Ele espera que, quando levar este programa a outros vales, possa contar com dinheiro público para restaurar a água, para ligar as casas às estações de tratamento e assim por diante. É definitivamente um serviço público que está sendo prestado.
Porque com o exemplo conseguirá estabelecer esses programas de uma forma que beneficie diretamente o público e fuja de toda polarização que tem se vivido no Brasil.
Para ele a ecologia foi polarizada e isso é algo que nunca deveria acontecer. Seja lá em quem você vote estará bebendo a mesma água, respirando o mesmo ar, e por isso precisamos escapar disso.
Para Jens Nielsen, Fundador e CEO da World Climate Foundation, o Brasil tem uma oportunidade única não apenas de se posicionar, mas também de criar um impacto duradouro no espaço verde ao sediar a COP 30 no próximo ano, que acontecerá em Belém/PA.
Ela afirma que esta é uma COP onde você tem que atualizar os planos climáticos nacionais que você faz a cada cinco anos. E o mundo olha para a COP de Bélem como uma COP que será o momento da verdade para ver se seremos capazes de nos manter a menos de 1,5 graus, que é a meta do acordo de Paris.
Então, como o Brasil, como governo, pode aproveitar essa ocasião? Ele afirma que antes de mais nada trabalhar tão arduamente como a França e o Reino Unido fizeram nas suas COPs.
É necessário um plano climático nacional muito ambicioso para que o Brasil avance com um bom exemplo para o resto dos outros 195 países que têm que vir com planos semelhantes. Também requer muita diplomacia internacional de forma inteligente.
Em segundo lugar, ele diz que esta é uma COP onde se combinará o clima, a natureza e se colocará realmente no mapa soluções baseadas na natureza.
E em terceiro lugar, quando você olha para tudo, o anfitrião cria um impacto duradouro. Portanto, não é apenas um monte de gente, 50 mil pessoas participam de um evento e depois vão embora e nada acontece.
Então, o que é importante é que isso seja visto como o início de um movimento de longo prazo em direção a uma economia verde por parte do Brasil e que a realização da COP seja apoiada por projetos como o da Fundação Terra e como o próprio Brasil cumprirá seus planos climáticos.
Assim, conhecendo a visão de três renomados ambientalistas podemos entender que o governo tem sim papel importante, tanto na questão das ideias, da criação de um plano, quando na ação e fomento de ações através de financiamento.