Por que a Índia se tornou referência em tecnologia e inovação?

Por que a Índia se tornou referência em tecnologia e inovação?

Tempo de leitura: 4 minutos

Não é novidade para ninguém que a Índia se tornou o país da tecnologia, repleto de startups e líder em pesquisas e no ecossistema de inteligência artificial.

Olhando de fora, acostumados com o que a mídia nos mostra, tendemos a pensar que se trata de um país atrasado e relativamente pobre. Mas essa não é realmente a verdade.

Apesar de suas questões culturais e religiosas, como o debate sobre castas, a Índia tem mostrado sua força na área da inovação. Muitas empresas transferiram suas operações para lá. É possível que, ao buscar assistência em questões tecnológicas, você seja atendido por um indiano.

Mas o que impulsiona tanto o crescimento da Índia? Prevê-se que o país tenha a maior taxa de crescimento econômico nos próximos anos (6,8% em 2024 e 6,5% em 2025).

Para compreender os motivos por trás desse crescimento, durante a Web Summit Rio 2024, tivemos a oportunidade de conversar com alguém que entende bem o assunto.

Entrevistamos o Dr. Raul Villamarin Rodriguez, Vice-Presidente da Woxsen University, sediada na Índia.

A Universidade Woxsen é porta-bandeira das Primeiras Universidades Privadas do jovem estado de Telangana e está sempre repleta de energia e ideias. Pioneira em trazer programas da nova era em vários campos, Woxsen cria plataformas robustas para que os alunos superem a mudança e adotem tecnologias disruptivas.

A primeira pergunta que fizemos ao Dr. Raul foi sobre o motivo pelo qual o país está avançando tanto em tecnologia e inovação.

Ele respondeu que, em primeiro lugar, a população importa. A Índia tem quase 1,7 bilhão de habitantes, e quanto mais pessoas, maiores são as chances de encontrar talento e melhorar a vida em geral.

Em segundo lugar, o governo tem investido consideravelmente em ciência e tecnologia, facilitando a criação de startups.

Além disso, outras universidades e empresas têm apoiado o desenvolvimento de ideias e impulsionado o ecossistema de startups no país.

Por último, os indianos são naturalmente focados no trabalho. Eles não se importam em trabalhar sete dias por semana e várias horas por dia, ao contrário de outras culturas que valorizam feriados, fins de semana e férias. Esse maior tempo de trabalho naturalmente os coloca à frente de muitos países.

O Dr. Raul também destacou a importância das universidades, como a Woxsen, nesse avanço significativo. O principal objetivo da educação nessas instituições é projetar a Índia para o mundo, assegurando que o país esteja na vanguarda da criação de novas tecnologias.

Também, a Índia tem integrado essas tecnologias ao cotidiano, com fintechs e e-commerces que utilizam ferramentas para melhorar a vida dos cidadãos comuns.

O governo compreendeu que sem essas tecnologias presentes no dia a dia, as pessoas não perceberiam a importância da integração em um ecossistema amplo.

Enquanto outros países debatem o banimento e a regulamentação da inteligência artificial integrativa, a Índia concentra-se em como incorporar no seu território tudo o que há de novo, criando um verdadeiro ecossistema de inovação. Raul afirmou que essas tecnologias vieram para ficar e que é melhor aprender a lidar com elas.

Portanto, é crucial preparar os estudantes para o futuro, não apenas para o presente. Esse é o caminho que o país está seguindo, buscando liderar em vez de seguir tendências.

Por fim, o Dr. Raul descreve-se como um “arquiteto cognitivo”. Perguntei o que isso significa e como isso pode nos ajudar no futuro. Ele explicou que seu trabalho é entender como integrar a mente humana à tecnologia, compreendendo não apenas códigos, mas também como os consumidores reagirão a cada aplicação. Infelizmente, muitas empresas não estão considerando esse aspecto.

Encerramos a entrevista discutindo as oportunidades que a Woxsen University busca no Brasil, por meio de parcerias com instituições locais, visando fortalecer ainda mais esse ecossistema. Tais colaborações não só impulsionam o desenvolvimento de startups indianas, mas também abrem portas para parcerias entre os governos brasileiro e indiano, fortalecendo os BRICS.

Assim, ao deixar de lado nossos preconceitos sobre como imaginamos que um país deveria ser, podemos entender verdadeiramente como a Índia está liderando a corrida tecnológica e, a partir disso, aprender e desenvolver a nós mesmos.

Você pode ouvir a entrevista completa no áudio abaixo (em inglês).

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