O que aprendi com os idosos de Swansea

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Idosos

Talvez, a maioria das pessoas que estão lendo esse texto desconheçam a cidade de Swansea, no País de Gales. Se já ouviram falar, muito provavelmente, foi por causa do time de futebol homônimo.

Pois é, talvez, poucos se interessariam em morar aqui ou, simplesmente, visitar. Mas, após 9 meses, tendo o privilégio de viver nesse lugar de tanto amor e gentileza, eu me disponho a lhes apresentar, pelo menos, uma razão para conhecer esta cidade: os idosos daqui.

Swansea é uma cidade prioritariamente formada por pessoas mais velhas. Tem uma grande quantidade de jovens, principalmente, estrangeiros, por conta da Universidade. Mas, em sua maioria, Swansea é uma cidade idosa. E isso também a torna tão especial. A seguir, lhes explico por que.

Os idosos de Swansea me ensinaram a ver a vida de uma forma que, nunca, em todo o meu ápice de juventude, eu estaria apta a enxergar.

Os idosos de Swansea me ensinaram que idade não determina limites. Isso cabe apenas a você. Aqui, idosos exercem diferentes atividades, sejam de lazer a trabalho, saem cedo de casa, faça chuva ou faça sol e não reclamam disso, pelo contrário, escancaram um sorrisão quando os seus olhos cruzam os deles.

Os idosos de Swansea me ensinaram o verdadeiro significado da palavra longevidade.

Eles me ensinaram a entender o que, de fato, é a velhice. É época de viajar, assim como a senhora Sarah que, após um período que ela passou na Espanha, eu pude conhecer em um ônibus entre Londres e Swansea.

É época de estar atento aos noticiários e se indignar com o fato da extensão territorial do Brasil ser maior que a do Reino Unido todo (dados de um senhor que tive a oportunidade de conversar no ônibus). É tempo de visitar os amigos, assim como Dona Rita, que esperava o ônibus comigo, semana passada. É o momento de ser gentil como Sr Malcomn e fazer uma ligação para ajudar um desconhecido, ou seja, eu. É tempo de, mesmo diante das dores da vida e em meio ao esquecimento que chega, ser tão carinhosa quanto a Patrice. É tempo de ensinar o que é verdadeiro amor, assim como a Jane e o Jon me ensinaram ao me contar que, enquanto ela estava na África e ele aqui em Swansea, como forma de se comunicarem, eles gravavam fitas cassetes, contando como foi a semana de um para o outro e depois enviavam pelo correio. A distância não foi barreira.

Eles me provaram que a velhice é também tempo de distribuir gentileza, amor e carinho, seja por um olhar, um sorriso, que recebo cotidianamente dos diversos idosos que eu tenho a alegria de cruzar no caminho.

Mais a fundo, eles me ensinaram que tudo isso não cabe apenas na velhice, mas sim por toda a vida.

Os idosos de Swansea me ensinaram que estar na velhice pode ser uma fase extremamente delicada. Pode ser que um filho faça falta, que um companheiro(a) também, que pode haver muitas lacunas de carinho, mas que nada disso determina a sua felicidade. Porque isso, você que cria, não são as circunstâncias que determinam.

E é assim, aos 20 anos de idade, que tenho minha vida mudada por pessoas tão peculiares, tais como os idosos de Swansea. Uma das razões que posso citar para convencer alguém a visitar esse lugar que tanto me conquistou e que, em meses, mesmo distante de tanta gente que amo, me faz chama-lo de lar. Esse lugar incrível, com idosos mais incríveis ainda, tem nome: Swansea.

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