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Está muito claro porque homens fantasiam em ser um super-herói: eles são fortes, poderosos e reverenciados. Mas enfrente isso: mulheres também fantasiam com super-heróis. Nós amamos sonhar em ser seduzida por Henry Cavill como Super-homem, Andrew Garfield como Homem-Aranha, Ryan Reynolds como Lanterna Verde. Não é apenas o corpo forte, o queixo, a força sobre-humana e o intelecto, não é apenas a inabalável bússola moral ou o obstinado patriotismo. Se o seu super-herói favorito é um alienígena, um cavaleiro das trevas, ou um rico recluso com brinquedos muito caros, há apenas uma real razão para você o querer: Você quer ser salva.
Em algum lugar ao longo da linha, caiu o favor de admitir isso. Eu estudei em uma escola católica só para meninas onde estudávamos a história das mulheres e tínhamos que dar nosso jeito. Homens não eram parte das nossas vidas diárias – eles permaneciam na periferia, como um extracurricular, alguma distância, destino indeciso. Os campos de jogo estavam sendo nivelados, o gênero estava sendo neutralizado. A mensagem era clara: Você não precisa de ninguém para salvá-la. Você pode e deve salvar a si mesma.
É claro, estou feliz por ter aprendido isso cedo. Afinal, se eu não acredito que posso ficar em pé com meus próprios pés, eu não estaria onde estou, prosperando como uma empregada autônoma em Nova Iorque. Como uma especialista em relacionamentos amorosos, eu sei que a expectativa com a qual somos alimentadas desde cedo de que ‘o homem perfeito vai fazer nossa vida ser completa’ é de fato perigosa. Como um conceito de que você deve ser casada com ele para alcançar a total expressão de si mesma. Eu não compro essa ideia.
Entretanto, toda aquela educação, todo aquele pensamento de garota durona, não é suficiente para diminuir o potencial e impacto sexual de ver Christian Bale pular por uma janela para salvar Maggie Gyllenhaal e aterrissar ‘suavemente’ no teto de um carro. Por que quem não gostaria que isso acontecesse consigo?
Naturalmente, mulheres estão sempre caindo nesses filmes. Se debatendo e pulando para a morte, a partir de uma grande altura – um arranha-céu, um avião, arremessadas pelo espaço. A feminista em você pode repudiar isso, mas a romântica em você irá se render – afinal, o que mais as mulheres querem do que se apaixonar por um cara? E então, ser pega. Lois Lane não precisa de ninguém – ela é uma repórter vencedora do prêmio Pulitzer, uma guerreira, mulher corajosa que assume mais do que alguns poucos riscos. Ela não precisa do Super-homem para completa-la, para fazer a vida dela valer a pena. Mas ela pode precisar de uma ajudinha às vezes. E quando o Super-homem mergulha para pega-lá em seu momento de vulnerabilidade, ela é praticamente vendida para ele.
Levei um tempo para ter a ideia de que posso ser forte, independente, uma mulher realizada e apesar disso querer o conforto de ser atendida, de ser salva em algumas maneiras. Salva de quê? Qualquer coisa que precise de salvamento. Intrusos. Valentões. Meu ocasional mergulho na auto-aversão e na dúvida. E mais do que isso – para aproveitar o salvamento. Eu gastei muitos anos contra esse estímulo, montando guarda enquanto lutava contra qualquer um que tentasse. E não há nada mais confuso para um homem do que falar que você o quer, mas fazer tudo que pode para provar que não precisa dele.
Então foi quando me permiti ser aberta, ser vulnerável, que descobri que poderia aproveitar a mesma coisa que um homem quer ser – forte, masculino, confidente. Meu herói. Isto diz que um homem sendo o que ele se esforça para ser, não tira quem eu sou ou o que posso fazer.
Em um primeiro encontro a um tempo atrás, meu parceiro e eu estávamos falando sobre a recente avalanche de acidentes no metrô de Nova Iorque. Pessoas sendo atingida pelos dois lados. Ele me disse como, em algumas semanas atrás, viu um homem cair, bêbado, na linha do metrô. Sem pensar, ele largou suas sacolas e pulou lá embaixo. Ele e algumas outras corajosas almas ajudaram a arrastar o homem, e ele, a tempo. Eu já achava que ele era adorável. E eu sabia que isso era uma perigosa e tola coisa a se fazer. Mas agora eu queria beijá-lo na boca.
Admito, isso foi uma ótima história para se contar no primeiro encontro (e parte de mim pensou: “Bela jogada, cara”). Mas fazendo seis meses que o namoro, eu acredito nisso. Isto é um homem que está disposto a ajudar outras pessoas, incluindo eu. Uma noite, estávamos deitados juntos em silêncio e ele disse: “Como você se sente quando está comigo?” E eu disse que me sentia bem, e calma e feliz. “Você se sente segura?” Sim, eu disse. Eu estou.
Uma jovem, uma eu mais defensiva, poderia ter simplesmente feito uma piada sobre isso. Salva de quê, do bicho papão? Em quê preciso de você para me manter segura? Posso cuidar de mim mesma, muito obrigada. Mas eu não me sinto mais dessa maneira. Percebo agora que é preciso um homem forte para querer ser um super-herói de alguém. E é preciso uma mulher forte para deixá-lo ser.
Texto por Terri Trespicio, traduzido por Luciano Junior. Originalmente publicado em inglês no Your Tango.