Chorão e a síndrome do artista que se vai

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Chorão

Chorão, ou Alexandre Magno Abrão, morreu, e não é novidade para ninguém. Canais de televisão, jornais, sites, blogs, e perfis de redes sociais noticiaram o acontecimento, que chocou muitos.

Chorão era um artista, vocalista da banda Charlie Brown Jr., letrista, produtor e empresário. É mais um grande artista que nos deixa, é mais um artista que enfrenta a “síndrome do artista que se vai”, que pode acontecer com qualquer um que tenha feito arte durante sua vida.

Essa síndrome não é culpa nem causada pelo artista, é causado por nós, humanos falhos, que não sabemos valorizar tudo o que está em vida. O maior sintoma é quando um grande artista morre, e muitas pessoas passam a ser fãs dele, passam a admirar o artista, a dizer que ele foi um gênio, quando na verdade essas pessoas nunca souberam valorizar enquanto o tal famoso estava em vida.

Tantos artistas já passaram por isso, uma das recentes é Hebe Camargo, que morreu em setembro de 2012. E nos anos anteriores a sua morte ela estava “esquecida”, tinha seu programa, mas que não era um grande sucesso. Quando morreu muitos foram os que disseram que ela foi um gênio da TV Brasileira, alguém que teve grande importância para nós, mas ela já estava morta, esperamos ela morrer para poder reconhecer quem ela foi de verdade.

Chorão está passando por isso também, de uma forma mais branda, já que ele estava aparecendo um pouco mais que Hebe, mas isso não muda o fato dele estar a passar por essa famosa síndrome. Quem sabia que seus pais se separaram quando ele tinha 11 anos, e que largou a escola na sétima na série. Certamente só mesmo quem era fã, muitos ouviram a música do Charlie Brown Jr., mas quem realmente analisou a crítica que ele fazia em suas músicas. Não pense que eu, que escrevo do outro lado da tela sou um desses, não. Não era fã de Chorão, nunca fui. Ouvia as músicas dele? Sim. Mas não me acho preparado para dizer que um grande gênio da música se vai, quando nunca cheguei a pensar que ele fosse um gênio em vida.

Pra mim ele é só um grande artista que se vai, e não é um modo ruim de dizer isso, é na verdade o modo sincero, de alguém que nunca percebeu quem ele era, e que não é agora na hora da morte que vai glorifica-lo. Não quero dizer que ele não tenha sido “o cara”, mas pra mim ele foi “um cara”, que nunca dei valor, e posso perceber que estava errado, mas agora é tarde demais. Dizer que ele é um gênio não muda o fato de não o ter valorizado em vida.

Nossa sociedade espera alguém morrer para realmente reconhecer o valor dela, quando sua obrigação era reconhecer seu valor em vida. E quem realmente conheceu Chorão, quem mesmo sabia que ele poderia estar em depressão devido ao divórcio com a estilista Graziela Gonçalves, e que isso pode ter induzido ele a tomar uma overdose de drogas. E quem sabia dessa história seria mesmo fã? Pois li uma notícia dizendo que Sônia Abrão, que é prima de Chorão, disse que ele estava muito triste pela separação, mas não fez nada, não tentou ajudar, não disse para ele procurar um psicólogo. Como Sônia outros também deveriam saber dessa história, mas ninguém pensou em ajudar. Quem será que imaginou que o comportamento agressivo de Chorão que o fez ter desavenças entre os integrantes da banda e outros músicos, como a conhecida briga com Marcelo Camelo, integrante do Los Hermanos, em 2007, poderia ser reflexo do sofrimento em relação à separação dos pais, quem?

Escrevo essas palavras não para que você ou qualquer pessoa se sinta mal por nunca ter dado valor a Chorão, afinal você pode fazer o que quiser, mas ele não vai mais voltar. É apenas para que você não precise mais uma vez cometer a síndrome do artista que se vai, caso contrário assim que isso acontecer outra vez serei obrigado a divulgar mais uma vez esse texto.

Fonte: Administradores, G1, Zero Hora, Uol Música

23 Comentários


  1. Parabéns, gostei muito do que li!! Sempre há esse tipo de pessoa que finge que gosta só porque morreu, e nós, que sempre gostamos de verdade, acabamos sendo confundidos com essas porcarias hipócritas e mediocres!!

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    1. Não é só malucos que fingem gostar de “artistas aleatórios que falecem” que surgem do nada nessas horas, por causa do efeito psicológico causado pela sensacionalição das noticias e a superexposição na midia de qq coisa que renda assunto, o mesmo efeito do “espirito natalino” programa a mente de baunilha de um bando de zumbis para acreditarem que sempre foram fãs e perderam a grande inspiração da vida deles. Muito embora uma semana antes nem lembravam quem era o dito cujo.
      Então tem o cabra que finge, só pra ser politicamente correto e aceito pela sociedade.
      E tem o mané que acredita, porque tem a mente fraca e cai em qualquer truque Jedi.

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    1. Fala baboseira mais duas vezes e voce se transforma no “Patralhão”

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    1. Então precisa praticar mais a leitura, porque vc ta lendo lento pacas

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  2. Amigo, nem liga… as coisas tem sido assim desde o tempo de Van Gogh! rsrs

    Texto simples e direto, mas vai ser legal ver a reaçao de pessoas sem capacidade de interpretaçao de texto reclamando que voce nao tem o direito de desrespeitar o recém defunto Chorao. hahaha.

    Tantas pessoas nao pensam, logo nao deveriam existir. Mas nao da pra simplesmente descartar eles todos.

    E eu concordo com a moral da historia do que voce escreveu, by the way.

    ps desculpa se o nivel etilico do meu sangue ta aparecendo.

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  3. Para de falar asneira, ele nao foi um grande artista, foi so um cara com atitude que emplacou alguns hits sem nenhuma genialidade,sem nem uma rima que prestasse. Artista? Rubao.? Pegue sua mae seu cachorro sua sogra, os caras do charlie brown inadiram a cidade? Nao tinha muito valor vivo e nao vai ter postumo, ou voce, autor do blog, escutou alguma musica deles no ultimo mes? Ou se perguntou ‘qual sera o novo hit do charlie brown? A morte dele so fez barulho pq foi relacionada com drogas, ninguem ta triste pensando que ele tinha muuuito a produzir. E nem valorizando mto o q ele produziu.

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  4. Perfeita colocação, no Brasil é assim morre de Overdose o cara vira Lenda, qual é galera o Chorão foi sim um grande Vocalista, pregava sua ideologia, tinha mais pessoas que gostavam da sua musica do que Fãs de verdade do Artista, um exemplo de que os que dizem fãs do cara terem a capacidade de Atribuir ao Charlie Brown Jr a musica Mulher de Fases do Raimundos que na semana da morte do Chorão foi uma das três musicas mais pedidas para homenagear o cantor…
    Isso mostra que as pessoas acham bonito colocar luto e dizer que era fã do cara enquanto na verdade so conhecia as musicas

    E assino em baixo o que o Luciano Junior escreveu baixem a bola o Chorão nem era tão bom assim

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  5. Discordo plenamente desse tal de Jadison Alves que comentou pelo facebook!
    Primeiramente, não afirme algo que não sabes, e segundo, mesmo que ele possa ter morrido por esse motivo não justifica esse tipo de pensamento, só ele sabe o que estava passando na vida para estar num quadro de Depressão!
    Você bebe, então se você morrer de cirrose significa que é um Zé Ninguém ?!
    Nada tem uma coisa a ver com a outra, era um cara com pensamento além desses de quem usa a viseira do mundo, e de caráter!
    Obs; nem sou mega fã de CBJ.

    O Texto só disse o obvio, sempre acontecerá isso com quem era de alguma forma famoso!
    Brasil, o país dos cínicos! (Não todos, claro).

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  6. Cara, discordo fortemente de você. O mundo é feito de bilhões de pessoas, e que dentro dessas bilhões de pessoas diversas conseguem se destacar, destacar ao ponto de merecer homenagens e tudo mais, só que necessitamos continuar a vida, não podemos passar o tempo todo cultuando as pessoas, senão deixaremos de cultuar o mais importante, a nós mesmos. Eu tenho diversos ídolos, sejam eles escritores, músicos, diretores, atores, pintores e etc, mas imagina se eu for ficar o tempo todo venerando-os? Quando terei tempo para mim? Por conta disso, acredito que estarei fazendo essa homenagem aos meus ídolos quando eu entro em contato com aquilo que eles nos passam, quando eu leio um livro estou em contato com algo deste escritor, quando escuto uma música entro em contato com o músico, e por ai vai. E a mídia faz o papel dela como deve ser feito, afinal, não tem como passar um especial por dia para cada ator/músico/escritor/ou seja lá o que for que mereça, temos notícias e conteúdo a acrescentar diariamente, e mesmo que os atores tenham o seu momento, como o Chorão que não estava em alta atualmente, eles merecem ser lembrados no momento de sua morte pelo que produziram no passado. Okay que o Chorão não estava sendo falado na mídia, mas todos sabemos que ele já fez parte da vida de muitos, inclusive da minha, hoje em dia pouco ouvia Charlie Brown, mas quando ele morreu, eu acabei por ouvir os meus cd's mais uma vez. Não faz muito tempo meu avô morreu, e isso trouxe à tona diversas lembranças e emoções, é normal isso, a morte traz muitas lembranças da vida.

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    1. O problema são aquelas que nunca foram fã do cara em vida, e quando ele morre começam a ser fãs dele. Sobre gostar dos artistas eu gosto de muitos, e se um deles morrer vou prestar a homenagem e pronto, nada desse chororó como muitos fizeram por Chorão. Mas também tenho uma cantora favorita, acompanho ela pelo YouTube, Facebook e Twitter, e sempre que ouço uma música dela é uma alegria, portanto quando ela vir a falecer, por ela sim farei todo esse chororó, porque para mim ela foi minha cantora favorita em vida.

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    2. cara, vc falou muito! mesmo tendo vários ídolos, eu não vou perder o meu tempo estudando as suas vidas. hj, tempo é sagrado para a vida corrida que levamos. junto o útil ao agradável: uso o meu tempo estudando ou transando, ao mesmo tempo que a música rola…

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  7. Desculpe, mas esse cara nunca foi exemplo de nada, nem artista, poeta ou genio.Foi só um cantor que parou no tempo, travando lá nos 16,17 anos.O cara com 42 anos ainda se passava por adolescente bobalhão, o que não deixa de ser patético.Tal qual na vida pessoal, sua vida 'artística" travou em algum lugar da adolescencia e não evoluiu para o mundo adulto.O resultado era o festival de grosserias, filosofia de mendigo, exaltação da humildade boboca e todo tipo de infantilidade sem noção.O Chorão não gostava nem dele mesmo.

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  8. Concordo plenamente. Pra mim o maior exemplo disso é o Michael Jackson, era talentoso e tal, mas nos ultimos anos que antecederam sua morte não fez nada de relevante para a música, estava falindo e com acusações de pedofilia e escandalo. Enfim, tava no fundo do poço. Só foi ele morrer que só falta canoniza-lo. Fora que mtos só viraram fãs após a morte dele. Nojo desse povinho hipócrita.

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  9. Concordo com tudo que foi dito, pois esse lance de fã depois da morte é típico de aproveitadores que querem ser tidos como quem conhece das coisas que gostas de tudo e de todos, mas muitos destes não conhecem a banda, sua história e muito menos suas músicas.
    Sou fã da música em si e não de um cantor especificamente. Curto Rock N’Roll desde que tinha 13 anos e hoje com 40 curto com a mesma intensidade.
    Não tenho ídolos, mas admiro a boa música e todas as bandas que curto um dia acabarão e eu, se ainda estiver vivo, continuarei a curtir o bom e velho Rock.

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  10. todo mundo depois q morre fica bom… nossa morreu, q pena ele era tão bom…

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  11. É exatamente isso que acontece, mesmo que a maioria não admita. Discordo apenas que seja um fenômeno brasileiro ou que se aplique apenas aos artistas. Veja o Hugo Chavez, tem pessoas esperando 12h na fila para ver o corpo dele, e o Michael Jackson que andava bem esquecidão quando morreu? Vai entender…

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  12. Não concordo, Hebe e chorão, por exemplo, sempre foram muito, excessivamente homenageados em vida. É natural que algo que saia do seu cotidiano, como um lombardi no programa do Silvio, um programa da hebe que você nunca vê, mas sempre está lá, ou uma música pop rock que toca com a voz do chorão, faça falta, para simpatizantes ou para fãs. Fãs sempre deram valor para o ídolo, e os simpatizantes, passam a valorizar mais o artista depois da morte, pela quebra súbita ou não desse cotidiano, homenageando, buscando mais info sobre o artista, etc.

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  13. Não concordo, Hebe e chorão, por exemplo, sempre foram muito, excessivamente homenageados em vida. É natural que algo que saia do seu cotidiano, como um lombardi no programa do Silvio, um programa da hebe que você nunca vê, mas sempre está lá, ou uma música pop rock que toca com a voz do chorão, faça falta, para simpatizantes ou para fãs. Fãs sempre deram valor para o ídolo, e os simpatizantes, passam a valorizar mais o artista depois da morte, pela quebra súbita ou não desse cotidiano, homenageando, buscando mais info sobre o artista, etc.

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  14. Pra mim, no caso do chorão a síndrome do “artista q se vai” é outra… morre um artista mediano (ou ruim mesmo) e aí vira “gênio” “lenda da música brasileira”.
    No final morreu um adulto infantilóide que fazia pop rock pra adolescente, nada de gênio, nada de mito.

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