Quem disse que brasileiro não lê?

Tempo de leitura: menos de 1 minuto

Leitura

Já virou lugar-comum dizer ou ouvir alguém dizendo que nós não lemos. Que o Brasil está do jeito que está porque não se lê. Que os jovens tupiniquins são alienados porque não cultivam o hábito.

Existem até bastantes estudos estatísticos que comprovam quão poucos livros são comprados no Brasil, em comparação com o índice de outros países. Esses mesmos dados apontam que o brasileiro lê, em média, 2 livros por ano, excluindo-se os pedagógicos e didáticos. Prosseguindo em comparações, na hermana Argentina cada habitante lê, em média, 6 livros por ano. Estima-se ainda que lá existam 3.200 livrarias. No Brasil, 2.980.

Contudo, há muitos outros fatores, que não a ignorância, a serem levados em conta na hora de “justificar” as estatísticas: De fato, na maioria dos lares brasileiros, o gasto com livros não é uma prioridade. Bem sabemos como pode ser caro este capricho. O livro em si é um instrumento cativante, poderoso, mas ainda inacessível de muitas maneiras. Não podemos esperar de um país que ainda rasteja na borda do “submundo”, tendo de conciliar milhares de fatores econômicos, sociais e geográficos, que apresente dados estatísticos dignos de uma Suíça.

Igualmente, não se deve ignorar que, embora a compra de livros, e outras cifras ligadas à educação brasileira, ainda sejam desapontadores, o brasileiro lê sim. Ao empregar-se aqui o verbo “ler”, a referência abrange todo mecanismo de apreensão de conhecimento, não só o viés cult da literatura, ao qual a camada intelectual insiste em sacralizar, inflexível.

É necessário desmistificar também a ideia de que o jovem é o grande responsável pela imagem “emburrecida” do país. Na realidade, a maior parcela de não leitores é composta de adultos entre 30 e 69 anos. Apontamentos de pesquisa do próprio Instituto Pró-Livro. Resumindo, os jovens é que ainda leem expressivamente.

Ademais, se você parte do pressuposto de que ler muito é sinônimo de ser inteligente, está potencialmente enganado. Entretanto, se é para seguir esse sofisma, vamos lá:

Se considerarmos que a massa do país dedica grande parte de suas vidas estudando para concursos e vestibulares; lendo sobre jogos de vídeo game; lendo gibis, periódicos, revistas no dentista e no cabeleireiro, Playboy no banheiro e romances de banca de revista (como “Sabrina”, “Julia” e afins…), já temos uma boa dose de “intelectualidade” para a nossa população, não?

Consideremos ainda as toneladas de humoristas e outras pessoas brilhantemente inteligentes que se dedicam ao stand-up, aos programas de televisão – mesmo os poucos refinados –,  e todos os outros indivíduos que fazem sucesso na internet com perspicácia, bom humor e descontração.

Inteligência, intelectualidade, sabedoria… Todos esses conceitos, aparentemente tão pretensiosos, estão espalhados e arraigados pelos estratos da nossa sociedade. Existem pessoas muito sagazes varrendo ruas, vendendo bombom na porta das escolas, cantando à noite em bares, morrendo de tédio numa aula de Artes ou ignorando totalmente sentenças físicas, biológicas, matemáticas, gramaticais…

Existem pessoas deliciosamente inteligentes, que nunca leram Platão, Aristóteles, Nietzsche, Hegel, Marx, Engels, Descartes, Foucault, Freud, Zola, Proust, Kafka, Flaubert, Balzac… Enfim! Existe vida, vida pensante, fora das livrarias. E, além disso, a leitura não está aprisionada a uma obra física, volume corpóreo. Quem é leitor, antes de qualquer coisa, sabe ler a vida. Troçar dela, deleitar-se nela, reinventar seu registro, para ser lida ainda de outras mil maneiras novas… E o brasileiro, ainda que diga bobagens, lê. Mas esse tipo de conhecimento não é quantificado em pesquisas.

7 Comentários


  1. Por mais que se queira dizer por estatísticas que o brasileiro está lendo …. tem que se lembrar que em termos proporcionais com relação a quantidade de habitantes do país … o brasileiro NÃO LÊ MESMO !!!

    Principalente quando se trata da população com média de idade entre os 12 a 25 anos.

    Esse país JAMAIS irá chegar a lugar nenhum com jovens dessa qualidade !

    Responder

  2. Bla, bla, bla, bla. Os “jovens” como você pelo ano de seu nascimento tem como ídolo uma tal de ivete (sem graça) sangalo, no minúsculo mesmo ok?. Uma mulher que já declarou que não se interessa por homens que leêm. Os livros são caros? Verdade, mas para que existem bibliotecas públicas. A grande maioria dos jovens falam abertamente que não gostam de ler. É fato. Os mais velhos leêm mais porque gostam de mais cultura e diversão. Quantos livros e quais livros você já leu???

    Responder

  3. primeiro: o pior cego é aquele que nao quer ver.
    segundo: 6ª economia mundial pra que? bibliotecas publicas cheias de livros, como nos verdadeiros países dignos de uma economia elevada? nem em sao paulo vc acha isso

    desculpa mas vc foi muito infeliz com este post …

    Responder

  4. Como já dizia Lima Barreto, o problema do Brasil não é o intelectual e sim o excesso de academicização. se deve ler por prazer e não por obrigação intelectual.

    Como dizia o mariado da afilhada do Major Quaresma: “Para quer livros se ele não tem um diploma”, essa é a raiz de todo o mal.

    Responder

Deixe um comentário para Ellen Daiany Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.